Carisma

O Mundo e Francisco

(Por Ocasião da Festa de São Pio) 

Por que todo mundo andava atrás de Francisco

          Frei Masseo, um dos primeiros irmãos de São Francisco, nao podia entender por que tanta gente andava atrás de Francisco. De todas as classes sociais vinham os que queriam segui-lo: jovens e velhos, mulheres e homens, cultos e ignorantes, nobres e pessoas simples, casados e solteiros. O que poderia estar atraindo toda esta gente? - Pensava Frei Masseo. Francisco mal sabia ler e escrever, não sabia muito mais do que isso. Era, de fato, um homem sem cultura. Sua família não possuía nem nome ilustre nem título de nobreza que pudesse ser motivo de orgulho. Era simplesmente o filho de um comerciante.
         Também não era belo de corpo, tinha orelhas de abano, pequeno de estatura, franzino, fisicamenteaté feio. Sua formação, sua origem, seu aspecto físico não podiam, portanto, explicar a grande admiração que existia. "Donde vem, pois, que todo mundo anda atrás de ti"? - Pergunta Frei Masseo. Ouvindo isto São Francisco, jubiloso, respondia: "Se essas coisas não importância, só pode ser o próprio Deus que atrai. É Ele quem faz com que essa gente procure seguir meu modo de vida" (Cf. Fioretti 10)

Frei Mateus Bascio
A Reforma Capuchinha

  A Ordem dos Frades Menores, em seu esforço por permanecer fiel às intenções do fundador, São Francisco de Assis, passou por muitas dificuldades ao longo de sua história, o que a levou a desacordos e divisões. Surgindo, então três ramos maiores da Primeira Ordem, os Frades Menores Observantes, os Frades Menores Conventuais e os Frades Menores Capuchinhos, tiveram cada um sua organização e estrutura legal, mas todos apelam para São Francisco como seu pai e fundador.

               Seu iniciador e precursor involuntário foi Frei Mateus de Bascio, um observante das Marcas que, desejoso de seguir S. Francisco na vida de pobreza, na pregação itinerante e na própria maneira de vestir, fugiu do convento de Montefalcone para ir pedir ao Papa essa autorização. Tudo deixa entender que a conseguiu, mas apenas oralmente, sem um documento que desse fé, e isto o deixou em maus lençóis.

 Catarina Cybo

            Voltando às Marcas, seu provincial, João de Fano, o encarcerou como apóstata no convento de Forano. Tudo isto acontecia nos primeiros meses de 1525. Foi libertado do cárcere por intervenção da duquesa de Camerino, Catarina Cybo, que tivera ocasião de admirar a sua caridade no serviço aos doentes durante a peste de 1523. A ele se apresentou, no verão de 1525, o Frei Ludovico de Fossombrone que, junto com seu irmão de sangue, Frei Rafael, queria associar-se a ele no estilo de vida empreendido. Mas Mateus não os acolhe, porque não tinha faculdade para isso e, quem sabe, também porque os dois Fossombrone pensavam em levar uma vida eremítica morando num lugar solitário, e não em viver sem morada fixa, como era intenção de Frei Mateus.
           Os dois primeiros documentos da Santa Sé referentes aos iniciadores da reforma capuchinha são da primeira metade de 1526; com o primeiro, de 8 de março, o Papa ordena a captura dos apóstatas Ludovico, Rafael e Mateus; com o segundo, de 18 de maio, o Cardeal Lourenço Pucci autoriza os mesmo Frades a viverem independentes dos superiores da Observância, sob a proteção do Bispo de Camerino. Foi o que fizeram Ludovico e Rafael, finalmente livres para viver num eremitério "pobrezinho" , o de são Cristóvão de Arcofiato, a cerca de três quilômetros de Camerino. Aí Ludovico amadureceu o projeto de dar vida a uma nova reforma Franciscana, enquanto estava todo entregue ao serviço de Deus, e também dos homens, ao menos durante o flagelo da peste que se abateu sobre Camerino pela metade de 1527. Catarina Cybo e Ludovico encontraram-se com o Papa Ludovico, em seu nome e no de seu irmão natural frei Rafael, apresentou ao papa uma humilde súplica em que pedia para:

1. Usarem a barba e o hábito que vestiam;

2. Poderem viver em lugares solitários sob a proteção dos conventuais, cujo ministro os pudesse visitar uma vez por ano e ao qual eles também deveriam cada ano apresentar-se;

3. Poderem eleger um custódio;

4. Poderem receber quem quer que fosse, clérigos ou religiosos de qualquer Ordem. Inicialmente os novos reformadores foram chamados de "Frades Menores de vida eremítica".

           Mas por breve tempo, pois a partir de 1531, o mais tardar, vai ganhando campo a denominação de "Capuchinhos" primeiro como "Fratres a Scapucino" (Frades de capuz relativamente pequeno, que os distinguia dos observantes e dos conventuais), passando depois à forma mais simplificada de "Frati Cappuccini".
            A tradição demonstra que os frades sempre tiveram grande proximidade com o povo. São Frades do Povo. Por causa disto, e principalmente das crianças, conhecemos a tradição que descreve os primeiros Frades aproximando-se das vilas, sempre rodeados por crianças, que puxando seu capuz diziam capuccini, capuccini, capuccini... e assim foram chamados estes arautos da paz e do bem.

Por: Frei Alexandre Velloso, Ofmcap.(PROCEPI)
(Fonte: Província Nossa Senhora dos Anjos - RJ)