terça-feira, 25 de janeiro de 2011

CARTA ENCÍCLICA: DEUS CARITAS EST

I PARTE
A UNIDADE DO AMOR
NA CRIAÇÃO
E NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
Santo Padre Papa Bento XVI
(Grupo de estudo Fides et Ratio)


Um problema de linguagem
2. O amor de Deus por nós é questão fundamental para a vida e coloca questões decisivas sobre quem é Deus e quem somos nós. A tal propósito, o primeiro obstáculo que encontramos é um problema de linguagem. O termo « amor » tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes. Embora o tema desta Encíclica se concentre sobre a questão da compreensão e da prática do amor na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja, não podemos prescindir pura e simplesmente do significado que esta palavra tem nas várias culturas e na linguagem actual.
Em primeiro lugar, recordemos o vasto campo semântico da palavra « amor »: fala-se de amor da pátria, amor à profissão, amor entre amigos, amor ao trabalho, amor entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, amor ao próximo e amor a Deus. Em toda esta gama de significados, porém, o amor entre o homem e a mulher, no qual concorrem indivisivelmente corpo e alma e se abre ao ser humano uma promessa de felicidade que parece irresistível, sobressai como arquétipo de amor por excelência, de tal modo que, comparados com ele, à primeira vista todos os demais tipos de amor se ofuscam. Surge então a questão: todas estas formas de amor no fim de contas unificam-se sendo o amor, apesar de toda a diversidade das suas manifestações, em última instância um só, ou, ao contrário, utilizamos uma mesma palavra para indicar realidades totalmente diferentes?

« Eros » e « agape » – diferença e unidade
3. Ao amor entre homem e mulher, que não nasce da inteligência e da vontade mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de eros. Diga-se desde já que o Antigo Testamento grego usa só duas vezes a palavra eros, enquanto o Novo Testamento nunca a usa: das três palavras gregas relacionadas com o amor — erosphilia (amor de amizade) e agape — os escritos neo-testamentários privilegiam a última, que, na linguagem grega, era quase posta de lado. Quanto ao amor de amizade (philia), este é retomado com um significado mais profundo noEvangelho de João para exprimir a relação entre Jesus e os seus discípulos. A marginalização da palavra eros, juntamente com a nova visão do amor que se exprime através da palavra agape, denota sem dúvida, na novidade do cristianismo, algo de essencial e próprio relativamente à compreensão do amor. Na crítica ao cristianismo que se foi desenvolvendo com radicalismo crescente a partir do iluminismo, esta novidade foi avaliada de forma absolutamente negativa. Segundo Friedrich Nietzsche, o cristianismo teria dado veneno a beber ao eros, que, embora não tivesse morrido, daí teria recebido o impulso para degenerar em vício. [1] Este filósofo alemão exprimia assim uma sensação muito generalizada: com os seus mandamentos e proibições, a Igreja não nos torna porventura amarga a coisa mais bela da vida? Porventura não assinala ela proibições precisamente onde a alegria, preparada para nós pelo Criador, nos oferece uma felicidade que nos faz pressentir algo do Divino?

4. Mas, será mesmo assim? O cristianismo destruiu verdadeiramente o eros? Vejamos o mundo pré-cristão. Os gregos — aliás de forma análoga a outras culturas — viram no eros sobretudo o inebriamento, a subjugação da razão por parte duma « loucura divina » que arranca o homem das limitações da sua existência e, neste estado de transtorno por uma força divina, faz-lhe experimentar a mais alta beatitude. Deste modo, todas as outras forças quer no céu quer na terra resultam de importância secundária: « Omnia vincit amor — o amor tudo vence », afirma Virgílio nas Bucólicas e acrescenta: « et nos cedamus amori — rendamo-nos também nós ao amor ». [2]Nas religiões, esta posição traduziu-se nos cultos da fertilidade, aos quais pertence a prostituição « sagrada » que prosperava em muitos templos. O eros foi, pois, celebrado como força divina, como comunhão com o Divino.

A esta forma de religião, que contrasta como uma fortíssima tentação com a fé no único Deus, o Antigo Testamento opôs-se com a maior firmeza, combatendo-a como perversão da religiosidade. Ao fazê-lo, porém, não rejeitou de modo algum o eros enquanto tal, mas declarou guerra à sua subversão devastadora, porque a falsa divinização do eros, como aí se verifica, priva-o da sua dignidade, desumaniza-o. De facto, no templo, as prostitutas, que devem dar o inebriamento do Divino, não são tratadas como seres humanos e pessoas, mas servem apenas como instrumentos para suscitar a « loucura divina »: na realidade, não são deusas, mas pessoas humanas de quem se abusa. Por isso, o eros inebriante e descontrolado não é subida, « êxtase » até ao Divino, mas queda, degradação do homem. Fica assim claro que o eros necessita de disciplina, de purificação para dar ao homem, não o prazer de um instante, mas uma certa amostra do vértice da existência, daquela beatitude para que tende todo o nosso ser...

(CARTA ENCÍCLICA DEUS CARITAS EST  DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR CRISTÃO)

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Silêncio é Fértil


«Quem vigia sua boca, guarda sua vida, quem muito abre seus lábios se perde» 
(Provérios 13,3)
O silêncio! Ao contrário do que a maioria pensa, o silêncio não é perda de tempo, não é fuga da palavra construtiva, da ação. As pessoas que revolucionaram o mundo vieram do deserto, onde tiveram a experiência fértil do silêncio: foi no deserto que Moisés aceitou a missão de ir libertar seu povo do Egito. Foi no deserto que Jesus se preparou para sua missão de redentor do mundo. Foi no deserto que Paulo se fortaleceu para as viagens missionárias. Foi no deserto do Saara que Charles de Foucauld, oficial francês, deu a largada de um grande movimento de espiritualidade cristã e humanística.

O deserto é silêncio. O silêncio produz o encontro com o Deus da vida. Quem não passa pela experiência do silêncio, não sentirá a passagem de Deus por sua vida. Vai perder as melhores oportunidades de crescimento pessoal, pois estará sempre mergulhado na agitação do mundo.
Nossa vida precisa de silêncio a fim de que possamos refletir, avaliar nossas atitudes. A criatividade das grandes personalidades foi gerada no silêncio.

Nossas casas são agitadas pelo barulho, e o silêncio transformador é morto pela parafernália eletrônica que nos enche os ouvidos, os olhos, e embota o coração. Fazemos de tudo para fugir do silêncio: é o vazio interior.
Somos tão cercados pelo barulho do som e da imagem, que perdemos a sensibilidade pelas pessoas. Não calando, não ouvimos. Quanto mais o ruído nos dominar os sentidos, menos teremos paciência para escutar alguém. Nossas casas tornam-se ninhos de solidão e insensibilidade, porque perdemos a disposição para a conversa, para o diálogo. A mesa da refeição, lugar favorável para o encontro familiar, fica diante de uma Televisão sempre ligada: pais e filhos se desinteressam da conversa amiga, pois os ouvidos estão concentrados no programa do momento. Assim, as pessoas vão se tornando estranhas, mesmo convivendo sob o mesmo teto.

Somos os grandes prejudicados pela ausência do silêncio, porque acabamos não nos escutando mais. Pior ainda, teremos medo do silêncio que nos coloca frente a frente com nossa consciência, e não conseguimos refletir sobre nossa própria vida, nossas atitudes. No final, teremos medo de nós mesmos. Vem a depressão, o sentimento trágico e destrutivo de estarmos sozinhos no mundo, de não termos quem se preocupe positivamente conosco. A culpa inicial foi nossa, incapazes que fomos de nos preocuparmos com os outros. E o barulho será o remédio para fugirmos de nós mesmos.

O homem que gosta do silêncio é uma pessoa em paz consigo mesmo. A mulher que ama o silêncio é uma pessoa de bem com a vida. Seu silêncio será contemplação feliz da própria existência.
Deus age sempre no silêncio de nosso coração. Sem atenção, sua presença passará despercebida, e o sentiremos sempre mais distante de nós.
Pe. José Artulino Besen

sábado, 15 de janeiro de 2011

Parabéns! É festa!

Ordem dos Frades Menores Capuchinhos
Província Sao Francisco das Chagas do Ceará e Piauí
Pastoral Vocacional – São Benedito/Teresina
              Quando eu abro a Sagrada Esccritura eu vejo Deus. E muito me alegro em saber que Deus deixou escrito versículos específicos, tanto para homem como para mulher, tanto para jovem como para criança. Tudo isso leva-nos a entender que Deus tem um propósito para cada um de nós, independente da idade e do sexo.

Jovem eu vos escolhi...
Deus não somente nos criou mas também nos escolheu, nos chamou e nos separou para a sua obra. Temos muitos exemplos Bíblicos de homens de Deus que foram separados na sua mocidade: José (Gn.37:2), Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego (Dn. 1:19), Jeremias (Jr. 1:5-6).

Porque sois fortes…
Quando Deus olhou para os jovens, Ele viu algo importante para ser usado em favor da sua obra na terra. Deus viu força, disposição, potencial e muita energia. Ele não olhou para o teu físico e muito menos para a sua formação acadêmica e nem mesmo para a sua posição social. Deus reconhece a força da juventude, assim como reconheceu a força de Davi.
Jovens, a palavra de vitória já foi decretada! E satanás não tem autoridade sobre nossas vidas. Mas fiel é o Senhor, o qual vos confirmará e guardará do maligno. (II Ts 3:3). Sejamos vigilantes, pois o inimigo sempre investirá contra os filhos de Deus.
Portanto, minha querida irmã Luciana, a vida é um milhão de novos começos movidos pelo desafio sempre novo de viver e fazer todo sonho brilhar. Feliz Aniversário!"
A Você, querido Vocacionado Ari, parabéns por esse dia tão especial, muita alegria, paz e harmonia. Que todos os seus desejos se realizem, pois você merece. Feliz aniversário!

Frei Alexandre Velloso, OFMcap.
A Serviço da Pastoral Vocacional

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

UMA BOA IDÉIA


Adoração e os Adoradores
Caríssimos Irmão e Irmãs, o Evangelista  de São João cap. 4. 23, nos mostra isso claramente, quando afirma: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”.

 Jesus afirma com autoridade que o Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade, porque Deus sempre quis do homem uma atitude de adoração verdadeira e voluntária. Por isso nós que hoje nos levantamos como adoradores, se queremos adorar ao Senhor da maneira certa devemos antes entender o verdadeiro significado da adoração. Quero adorar o Senhor, mas, como adorá-lo?

 ADORAR: No dicionário podemos encontrar algumas definições para a palavra adorar, como por exemplo: render culto, amar ao extremo, venerar  e gostar muitíssimo, reverenciar,  etc. No original grego encontramos a palavra PROSKUNEO, que tem como significado: prostrar-se, vergar-se, obedecer, mostrar reverência, homenagear, louvar, adorar.

LOUVAR: Também, no dicionário encontramos algumas definições para o verbo louvar, como por exemplo: dirigir louvores, elogiar, exaltar, glorificar, bendizer... Do original grego EPAINOS, significa: aprovação, recomendação, homenagem, louvor. EPAINOS, não expressa somente louvor pelo que Deus faz por nós, mas também por quem Ele é, reconhecendo sua glória.

 ADORAÇÃO  e LOUVOR
Como podemos perceber nas respectivas definições, a adoração não significa apenas louvor, nem louvor significa apenas adoração, mas, as duas atitudes podem conviver harmoniosamente. Na adoração louvamos a Deus, e, com o louvor também adoramos a Deus.
 No entanto, o louvor é algo que expressamos com nossa boca, elogiando a Deus, homenageando-o, proclamando seus feitos e a sua glória, agradecendo-o etc. Enquanto que a adoração é um conjunto de muitas atitudes. Adoramos a Deus com o louvor, mas também adoramos em uma oração, em um gesto de reverência, com um sentimento que só nós e Deus sabemos, (o amor a Ele), adoramos com sons audíveis e ou inaudíveis, descritíveis ou indescritíveis, com ou sem palavras; Adoramos em espírito, mas, também em verdade.
A música é um aspecto da adoração. É interessante notar que nas diversificadas visões dos personagens bíblicos acerca da presença de Deus, ou da habitação de Deus, há algo em comum: a música!

“Então vi no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. [...] E entoavam um novo cântico.” (Apocalipse 5.6-14).

Os santos cantavam a respeito de Cristo, a respeito da redenção mediante o sangue; enfatizando os propósitos soberanos de Deus em atrair para Si mesmo um povo, para que sejam reis e sacerdotes.
A música é parte integrante da adoração. Considerando em sentido bem específico sua função, notamos que ela possui dois objetivos, que são (ou podem ser) tanto distintos quanto congruentes. E estes têm se confirmado na história humana: (1) Criar ambiente, e (2) fixar conteúdo. Durante grande período na história eclesiástica, o canto gregoriano serviu para propiciar um ambiente espiritual, facilitando a reflexão.

ADORAÇÃO  e ORAÇÃO
Todo adorador verdadeiro precisa ter uma vida dedicada à oração e todo aquele que tem uma vida dedicada à oração, é, por conseqüência um adorador verdadeiro, pois a oração é “a mais alta atividade da qual o espírito humano é capaz”, e no modelo de oração que o próximo Jesus nos ensinou em Mateus 6:9-13, o princípio da nossa oração deve ser a adoração, ou seja, se rezarmos assim como aprendemos com Jesus certamente adoraremos o Pai. (Pai nosso que estais no céu, santificado seja o teu nome...). Seguindo esse modelo estaremos sempre adorando a Deus em nossa oração.

2º Adorai Jovem
ESTE EVENTO quer mostrar o rosto de Jesus, o jovem de Nazaré a Juventude teresinense, de maneira simples, criativa e dinâmica, mostrando o valor do jovem “na Igreja, para Igreja e com a Igreja”, na perspectiva de um mundo mais fraterno, onde prevaleça a solidariedade, a justiça, paz e amor.


Com isso Vos pergunto: Queremos fazer o 2º Adorai Jovem – Teresina??
Entre em Contato conosco e saiba mais sobre este projeto.
Coordenadores: Frei Alexandre Veloso e Frei Jonas Dias
                  
Informações
Convento São Benedito (86) 3222 2667 ou 8855 1072
Convento de Parnaíba (86) 3322 1366 ou 3322 1576 (a partir de fevereiro)
Vocacionado Filipe (86) 8837 6220
Inês Maria (86) 8882 6277

Acreditamos Nesta Idéia!!!!!   
Frei Alexandre Velloso, OFMCap.

FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL




CARTA CONVOCATÓRIA

            Prezados Irmãos e Irmãs,
            Paz e Bem!


            É com muita alegria que me dirijo a todos e todas Superiores e Superioras Maiores das Ordens e Congregações Religiosas, bem como os movimentos e simpatizantes de Santa Clara e Francisco de Assis, para convocá-los para a um envolvimento afetivo e efetivo nas Celebrações do VIII CENTENÁRIO DO CARISMA DE SANTA CLARA DE ASSIS, em 2012.

            É a Família Franciscana do Mundo inteiro que está envolvida ou se envolvendo nas preparações dessa grande, histórica e significativa celebração.

            Em junho passado, realizamos em Brasília, uma reunião com os coordenadores e representantes dos Regionais e um dos assuntos em pauta foi: o que e como celebrar os 800 Anos do Carisma de Santa Clara como Família Franciscana no Brasil. Tivemos o privilégio de contar com a valiosa assessoria de Frei Vitório Mazzuco que nos proporcionou uma reflexão enriquecedora baseada na espiritualidade de Santa Clara, e dando prosseguimento o grupo planejou o seguinte:

Ø CELEBRAÇÃO DO ANO CLARIANO de 17 de abril de 2011 a 11 de agosto de 2012.
Fundamentos na simbologia do RAMO que Santa Clara recebeu das mãos do bispo como um sinal de Deus sobre a sua vocação, por esse motivo, vamos dar início às celebrações do Ano Clariano no Domingo de Ramos, dia 17 de abril de 2011.

Ø TEMA: Santa Clara de Assis e de hoje: Caminho de unidade

Ø LEMA: Vida vivida em função do Amor
* Acreditamos que esse tema vai nos oferecer muitas possibilidades para aprofundar o Carisma de Santa Clara e revigorar nossa espiritualidade, e para isso, queremos contamos com a colaboração de todos os filhos e filhas de Santa Clara no enriquecimento mútuo como Família Francisclariana.
* Sintam-se convidados e convocados a enviarem seus textos para a sede da FFB que teremos a alegria de publicá-los e ou enviá-los para os membros da Família. Na realidade, essa tarefa ficará sob a responsabilidade da Comissão do Ano Clariano.


Ø ESTUDOS E REFLEXÕES sobre o Carisma de Santa Clara objetivando aprofundar o tema serão feitos pelos Regionais, Ordens, Congregações, Movimentos e Fraternidades.

Ø CONGRESSO CLARIANO para culminar as Celebrações:
* Local: Canindé
* Data: nos dias 9, 10 e 11 de agosto de 2012.

FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL - PIAUÍ




Província do Ceará e Piauí – São Francisco das Chagas

1.    INTRODUÇÃO
1.1.        Contexto geográfico e sócio-religioso da Província
A Província da São Francisco das Chagas compreende dois Estados brasileiros, nordestinos e limítrofes. Ceará e Piauí, que somam um território de aproximadamente 396, 693 Km2 e uma população de 9.324.700 de habitantes.
  O Ceará tem uma extensão de 146.348,3 Km2 e uma população de 6.633.100 habitantes, com descendentes de brancos, indígenas, negros e mestiços. Sua evangelização primordial se realizou a partir da Diocese de Olinda, que nesse tempo se estendia do Rio São Francisco ao Rio Grande do Norte e ao Ceará e Piauí, que formavam na parte interior o amplo sertão de Rodelas. Na região litorânea o Ceará foi evangelizado pelos jesuítas e pelo clero secular, na Ibiapaba pelos jesuítas, e na região sul, sobretudo pelos CAPUCHINHOS ITALIANOS.
O cearense, lutador, expansionista e migrador, é um povo muito religioso e católico; cultiva uma especial devoção à Virgem Maria, e São José e, sobretudo a São Francisco das Chagas de Canindé, donde provém o título da Província dos Capuchinhos do Ceará e Piauí. No Ceará destacam-se dois centros de animação da vida religiosa do povo: Canindé cuja alma é São Francisco das Chagas e o Cariri, de motivação mais complexa, girando em torno da devoção ao Padre Cícero Romão Batista (data...), a Nossa Senhora das Dores, às Almas do Purgatório e a São Francisco das Chagas.
A Província tem (número de fraternidades) no Ceará, inclusive na sede, Fortaleza. Está presente em três Dioceses cearenses, Arquidiocese de Fortaleza (Nossa Senhora da Assunção), Diocese de Sobral (...) e na Diocese de Crato (...).
O Piauí tem uma extensão de 252. 378,5 Km2 e uma população de 2.691.600 (Conferir no Senso 2010) de habitantes, densidade demográfica de apenas 10,7 hab./Km2. Embora o primeiro contato evangelizador com os povos primitivos do Piauí tenha acontecido pelo litoral norte e pela Serra da Ibiapaba, sua evangelização sistemática, aconteceu também a partir da Diocese de Olinda-Recife, sobretudo pelo centro-sul, através da ação missionária do clero secular, que às vezes também eram fazendeiros.
A formação do povo piauiense se deve em grande parte à miscigenação do branco e do preto; este último trazido para ajudar nas fazendas; dos restos das tribos indígenas cruelmente massacradas ou expulsas pelos bandeirantes; de criadores de gado, e de capitães de Campo que, liderados pela família Ávila, as substituíram pelas Fazendas Nacionais. O povo piauiense é muito sofrido, esteve sempre sob a influência política de poucas famílias poderosas, porém, são cheios de decisão e autonomia. O Piauí é muito católico e de cultura religiosa equilibrada.
A Província atualmente conta com quatro residências de Capuchinhos no Piauí e está em três das oito dioceses: Arquidiocese de Teresina (Nossa Senhora das Dores), Diocese de Parnaíba (Nossa Senhora da Graça) e na Diocese de Floriano (...).

1.2.        A consciência histórica da Província
A Província dos Frades Capuchinhos do Ceará e Piauí é ainda muito jovem, está com um pouco mais de 27 anos de Constituição Jurídica no seio da Ordem. Apresar de ser jovem tem consciência de que não está começando do zero, mas é continuadora do carisma franciscano-capuchinho dado por Deus à sua Igreja e da ação evangelizadora de nossos irmãos Capuchinhos que, no Brasil e, especialmente em nossa Região, trabalharam na qualidade de colaboradores da expansão do Reino de Deus.
Somos imensamente gratos aos Missionários Capuchinhos Lombardos por derem convocado nas primeiras horas de sua missão muitos jovens maranhenses, cearenses, piauienses, e até paraenses e a amazonenses para o seguimento dos ideais franciscano-capuchinhos. A nossa gratidão destaca o corajoso gesto de darem a eles a oportunidade de se tornarem uma Fraternidade Provincial nativa na Região di Ceará e Piauí, trilhando bem cedo os caminhos da autonomia. Não podemos, porém, esquecer o espírito apostólico daqueles Missionários Capuchinhos que antes deles, abrindo trilhas evangélicas por todo o Brasil, deixaram em muitos lugares cearenses e piauienses não só marcos indeléveis de seu empenho Missionário, mas sobretudo, imagem de Francisco chegando, impressa na alma deste povo do qual nascemos e somos parte. Algumas das primeiras vocações da então Missão maranhense nasceram em um tempo em que estavam vivos e atuantes na mente das massas nordestinas os trabalhos e as figuras carismáticas dos Missionários Apostólicos.

1.3.        Os Capuchinhos na primeira evangelização do Ceará e Piauí
Não parece provável que os Capuchinhos da Província de Paris (1612-1615) tenham chagado ao Piauí ou a Ibiapaba, que nesse tempo faziam parte do Maranhão; mas, segundo Claude d’Abbeville, muitas tribos bastante nômades, dessa região, onde viviam mercadores e exploradores franceses, tomaram conhecimento de sua ação evangelizadora entre os indígenas maranhenses e vieram visitá-los em São Luís e até morar com os franceses tornarem-se cristãos e fugir das freqüentes ameaças dos portugueses que não toleravam essa concorrência colonial.
É provável, segundo Frei Pietro Vittorino Regni, que os Missionários franceses e bretões tenham chegado até o sul do Ceará, na região do Araripe e Cariri, que herdou o nome dos Índios Cariris, por eles evangelizados. Mesmo no Piauí, curral avançados dos Ávilas, onde o índio foi substituído cruelmente pelo boi, há notícias de que Frei Martinho de Nantes, vindo da Bahia, tenha passado por ali, acompanhado como memorialista uma expedição de Francisco Dias Ávila ao Piauí pelo ano de 1674.
No Ceará, os Missionários Capuchinhos italianos, sobretudo a partir de 1730, criaram várias reduções indígenas, e entre elas a de Caririassu e Miranda. Estas reduções deram origem às cidades de Batalha, Missão Velha, Missão Nova, Milagres, Brejo dos Santos, Caririassu, Crato e outras. A Aldeia de Miranda, situada nos Cariris Novos, distrito da Vila de Icó, dedicada a Nossa Senhora da Penha, era administrada por um Capuchinho e tinha cinco nações de Tapuios: Quichereú, Cariú, Caririúanê, Calabaça e Icozinho. A Aldeia de Miranda deu origem a atual cidade de Crato, que tem Frei Carlos de Ferrara como fundador. Tomás Pompeu Sobrinho informa que em 1780, o Governador Geral de Pernambuco dispunha que os indígenas de Miranda e da região do vale do Cariri se retirassem dessa região e fossem confinados em outras regiões diferentes e afastados da Missão de Miranda.
No Piauí, onde os bandeirantes se aquartelaram, exterminando ou expulsando as tribos indígenas, em defesa de suas fazendas de gado, os Missionários Capuchinhos não fundaram nenhuma redução; embora se fale que Frei Luis Savignano entre 1779 a 1792, tenha feito alguma tentativa neste sentido em missões ambulantes pelo interior do Piauí.
No período das guerras de independência, percorrem o Ceará e Piauí grandes Missionários. Frei Carlos José Della Spezia, em 1744, passou pelo Ceará, realizando Missões ambulantes em Camucim, Ibuassu, Parazinho, Ibiapaba, Serra dos Cocos, Riacho, São José, Trairi, Chopé, Fortaleza, Aqueraz, Cascavel, Aracati, Russas, Banabuiú, Quixeramobim, Caririassu. Frei Aníbal de Gênova, a partir de 9 de agosto de 1763, esteve no Ceará, pregando missões em Fortaleza, Miranda (Crato), Caririassu, Sobral, Jaguaribe; e também no Piauí. Frei Ângelo Maurizio de Nizza que esteve no sul do Ceará para levar a tribo nômade dos índios Chocós a se aldearem em (Bom) Jardim.
Por causa de sua pregação ardente e revestida de formas proféticas, a figura mais lendária das Missões populares entre as populações do Nordeste foi Frei Vital de Frascorolo (1781-1820). O povo ainda guarda na memória as profecias de Frei Vital da Penha como era chamado. Ele passou pelo Ceará pregado missões em Fortaleza, Maranguape, Baturité, Serra dos Pereiras e outras. Em Morada Nova deixou plantado um Cruzeiro como marco da missão pregada nesta cidade. Em sua pregação missionária ele promoveu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, levando sempre o seu estandarte. No Nuseu do Instituto do Instituto Histórico do Ceará há um exemplar de estandarte do Sagrado Coração de Jesus, que dizem ter sido dele. Também Frei Luís de Bolonha, em 1791, percorreu o sul do Piauí pregando missões.
Dos fins de 1846 para começo de 1847, passa pelo Ceará Frei Serafim de Catânia, pregando missões em Fortaleza, Maranguape, Acarape, Baturité, Canindé; no Bairro dos Macacos em Santa Quitéria; em Sobral, Acaraú, Granja, Viçosa e em outros lugares menores, levantando diversos cruzeiros. Depois voltou doente a Fortaleza, em fevereiro de 1847. Em maio do mesmo ano, inaugura solenemente em Fortaleza um grande Cruzeiro no patamar da antiga Catedral, considerado uma obra de arte. Entre os anos de 1848 4 49 retorna ao interior do Ceará pregando pequenas missões, construindo ou fazendo reparo em igrejas, cemitérios, ponte, açudes e estradas, e continuando a obra de regeneração do povo, que iniciara em Fortaleza em 1846. Em 1852, retorna a Fortaleza onde prega uma grande missão, de 25 de novembro a 7 de dezembro, e no ano de 1866 vem novamente ao Ceará e prega missão em Quixeramobim.
A Resolução provincial nº 185 de 8/91844 autoriza o Governo da Província do Piauí a solicitar do Governo imperial, dois Missionários Capuchinhos para se ocuparem da catequese dos índios e na pregação do Evangelho, recebendo cada um uma diária de 640 Réis. Esse pedido foi reiterado na administração de Zacarias Gois e Vasconcelos. Frei Doroteu e Frei Pedro de Brá estiveram por esse tempo em Missão Apostólica nas cidades de Oeiras, Campo Maior e Piracuruca, atraindo multidões às Matrizes e Capelas, mas não parece que tem se ocupado desse encargo oficial. Frei Apolônio de Molineto e Frei Lourenço de Monte Leone é que foram chamados por preferência do Governador da Província, Anselmo Francisco Peretti é incumbido de catequizar os índios ainda existente no Piauí. Em 8/8/1848, Frei Apolônio e seu companheiro chegaram a Oeiras, ao que parece, em tempo de mudança de Governo provincial e nesta Capital ainda pregam e administram os sacramentos. Apesar de o novo Governador lhes ter retirado o pedido de seguirem para Parnaguá a fim de assumirem a catequese do aldeamento indígena, eles preferiram continuar a pregação missionária em outras cidades especialmente no Norte; e em 14/2/1852, saindo de Parnaíba, foram para o Ceará. Não quiseram ser continuadores do projeto oficial, que fez dos aldeamentos campos de extermínio das tribos indígenas aqui existentes. Em 1852, Frei Doroteu de Dronero trabalhou no Piauí, pacificando os ânimos das populações na mudança da Capital de Oeiras para Teresina. Deu muito que falar aos anticlericais do tempo a coincidência do aparecimento de um cometa durante uma de suas pregações. Frei Doreteu esteve também trabalhando na pacificação dos revoltados da Balaiada às margens maranhense e piauienses do Rio Parnaíba. Em 1868, pelo mês de junho, também Frei Luiz de Gúbio esteve no Piauí fazendo pregações.
Já livre dos encargos da Prefeitura Apostólica, Frei Serafim de Catânia passa os últimos anos (1874-1886), no Piauí, chegando a Teresina. O Missionário assumiu o trabalho da construção da Igreja de São Bendito, o Preto, no Alto da Jurubeba, em 13 de junho de 1874. E com a ajuda do povo e do Governo do Piauí, apesar dos embaraços da varíola e seca, a obra foi concluída em 3 de junho de 1886, data de sua inauguração e benção pelo Bispo do Maranhão D. Antonio Cândido Alvarenga. Frei Serafim, enquanto construía a igreja de pedra, através da palavra de Deus e da solidariedade sofrida, construía também a Igreja-Comunidade, que depois se tornou Paróquia de São Benedito, em Teresina. O Missionário retornou à Itália em fins de junho de 1886. O povo de Teresina dedicou-lhe merecidamente o nome da avenida principal.
No Ceará, durante o ano de 1888, Frei Cassiano de Comáchio, com mais dois coirmão, é encarregado de ajudar os flagelados pela grande seca. Nesse ínterim construiu, entre outras obras, a Matriz de Itapipoca e o Açude das Nações junto à Serra de Uruburetama em 1888, na mesma cidade, enquanto presta-lhe a assistência espiritual.

1.4.        A divisão deste trabalho
Acabamos de lança um rápido olhar introdutório sobre os horizontes atuais, geográficos e históricos da Província Capuchinha do Ceará e Piauí e sobre a obra precursora dos Missionários Capuchinhos franceses e italianos que do século XVII ao século XIX, “prepararam o terreno” no coração do nosso povo cearense e piauiense nos primórdios de sua evangelização e colonização. Agora vamos apresentar, resumidamente, apresentaremos a obra heróica dos Missionários Lombardos que por mais de 70 anos fizeram a “semeadura”, plantando Igrejas locais no Brasil Nordeste, e a Ordem Capuchinha, no Ceará e Piauí, e regando-as como muito suor e sangue. Logo mais adiante apresentaremos a obra dos Capuchinhos nativos que desde vários realizam a “colheita”, e se esforçam por tornar uma realidade madura e próspera a implantação da Ordem Capuchinha na região do  Ceará e Piauí.
Ficaremos satisfeitos, se os exemplos de vida e de dedicação missionária dos que nos precederam, nos abrirem os corações para os imensos horizontes da missão interna e externa em nosso mundo atual, tão carente de novo testemunho e de nova semeadura do Evangelho, e nos animarem a fazermos pelos outros o que eles fizeram por nós ou por nossos antepassados.

1.5.        Nossas Fraternidades por Dioceses
Arquidiocese de Fortaleza
Convento, Cúria Provincial e Santuário Sagrado Coração de Jesus
Convento do Piarambu – Santa Clara de Assis e Paróquia Nossa Senhora das Graças
Convento de Messejana e Seminário Nossa Senhora do Brasil (Casa do Pós Noviciado Teológico)
Convento de Guaramiranga e Pousada Nossa Senhora de Lourdes
Convento e Santuário de Sobral São Francisco de Assis (Casa do Postulantado I)

Diocese de Crato (Cariri)
Convento e Santuário São Francisco das Chagas - Juazeiro do Norte (Casa do Pós Noviciado Filosófico)

Diocese de Floriano Piauí
Residência Missionária Frei Damião de Bozzano (Casa do Postulantado II - Uruçui)
 
Arquidiocese de Teresina Piauí 
Convento São Benedito e Paróquia São Benedito (Casa do Pós Noviciado Filosófico)

Diocese de Parnaíba Piauí
Convento e São Sebastião e Paróquia São Sebastião (Casa do Tirocínio)
Residência Missionária São Francisco das Chagas (Lagoa de São Francisco – Casa do Noviciado)

2.    A MISSÃO DOS CAPUCHINHOS LOMBARDOS    
2.1.        INTRODUÇÃO
Em 1892, os Capuchinhos da Província Lombarda, na Itália, recebem da Santa Sé, através da Cúria Geral, a incumbência de abrirem uma Missão indígena na Amazônia.
O projeto inicial, abrangendo o Norte e Nordeste do Brasil, enfeixava objetivos e interesses muito amplos e diversificados, como: a Administração das Obras Missionárias da Prefeitura Apostólica de Pernambuco, em processo de extinção; as tradicionais Missões populares e outras ajudas pastorais, constantemente solicitadas pelo Bispo, sem padres suficientes para atender as populações católicas espalhada por um território de mais da metade do Brasil; a fundação de Missões indígenas na Alta Amazônia, para proteger as fronteiras, como pretendia o Governo Brasileiro; a fundação de Missão Apostólica em sentido jurídico, para organizar novas igrejas locais, como desejava a Santa Sé; e finalmente a velha aspiração da Ordem por tanto tempo barrada pela política do Padroado português, de formar no Brasil Capuchinho nativos.
Projeto de tamanha amplitude não poderia ser realizado, em seleção de objetivos e definição de propriedade, sobretudo em vista da precariedade de meios, pouco conhecimento da realidade e situação de mudanças políticas no Governo do Brasil. Foi este desafiante ônus que Província de Milão assumiu, com muitos sacrifícios, por amor ao Reino de Deus. A Província do Ceará e Piauí é frutos deste heróico empreendimento.
Apresentamos o trabalho dos Missionários lombardos em dois períodos, de acordo com a prioridade assumida por eles: período de exploração e fixação da Missão (1892 – 1922); e período de implantação da Ordem (1928 – 1966).

Por Frei Alexandre Veloso, OFMCa.
A Serviço da Pastoral Vocacional

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Será que a ciência vai matar Deus?

“Será que a ciência vai matar Deus?” O Evangelho de Lucas narra que Jesus foi expulso e até mesmo levado à força para o alto de um monte, de onde pretendiam atirá-lo (cf. Lc 4, 29). Isso significa dizer que expulsar a Deus do convívio social e da vida humana é uma tentativa que já vem sendo feita há muito tempo. E, como conclui a mesma passagem evangélica citada, “Jesus passou no meio deles e continuou o seu caminho”. Deus continua presente entre nós!

Não podemos ter medo daqueles que pretendem excluir Jesus da sociedade, mas nos manter firmes na fé, porque Deus está ao nosso lado, e Nele podemos confiar!

“Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende coragem, eu venci o mundo” (Jo 16, 33).

Eu concordo e sei, por experiência de vida, que não é fácil ser testemunha profética no mundo de hoje, vivenciando a presença do amor divino entre nós.

Como acontece desde o início dos tempos, a mentalidade religiosa espera o espetacular, o extraordinário, o milagre. Era assim no tempo de Jesus. O Evangelho diz que: “... os seus conterrâneos se admiravam do que falavam dele” (Lc 4, 14). Como pode uma pessoa tão simples, carpinteiro de Nazaré, filho de José e Maria e tão parecido com tantos rostos comuns da nossa sociedade ser apresentado como Messias, predito pelo profeta Isaías?

Infelizmente é assim: as pessoas que buscam a religião estão à procura do espetáculo, daquilo que causa admiração e espanto. Trabalhei numa paróquia durante oito anos e durante este período quantas pessoas me procuraram para dizer que eu deveria fazer como fazem “aqueles” que prometem milagres, que dão uma bênção especial para tirar alguma doença. Porque assim a igreja ficaria superlotada. Eu concordo que a igreja poderia até ficar superlotada, mas eu pergunto: esse foi o profetismo de Jesus? Será que queriam expulsá-lo da comunidade só porque fazia milagres ou porque era um profeta fiel à vontade do Pai? Jesus era o profeta que vivia a “espiritualidade do cotidiano”, que consiste em testemunhar a presença de Deus no dia-a-dia das pessoas. Jesus não construía palcos, mas criava relacionamentos humanos, onde os membros de sua comunidade eram incapazes de ver nele a realização da profecia de Isaías.

Tenho consciência que a minha reflexão pode soar áspera para muitos, principalmente para aqueles que se acham no direito de defenderem Deus e a religião como forma de atrair multidões.

Comunicar é preciso! Porém, a força da pregação profética nos dias de hoje passa através do testemunho da caridade. Paulo dizia que a caridade é paciente e não se enraivece; por isso ninguém vai pregar uma cruzada contra os cientistas que querem expulsar Deus de nosso meio. Nosso modo de mostrar a presença de Deus é através da caridade, que se expressa de várias formas e em diferentes situações. O desafio é grande! Mas também na dureza das pedras é possível fazer nascer uma flor, se ali for plantada a semente do amor adubada com a caridade.

Não importa o quanto a ciência amplie os seus limites, sempre haverá o desconhecido além do horizonte. Além dessa fronteira, somente a Religião pode penetrar, por isso, não tenham medo! Deus está ao nosso lado e ninguém, nem os grandes cientistas podem matar Deus. Voltaire e Nietzsche também já o tentaram e hoje eles estão mortos e Deus continua vivo no meio de nós, pois, “Os que confiam no Senhor, são como os montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre”. Amém! Aleluia!
Frei Rodrigo

Tempo Comum: sua vivência

Além dos tempos, que possuem características próprias, existem trinta e três ou trinta e quatro semanas, durante o curso do ano, nas quais não se celebram fatos particulares do mistério de Cristo; nelas o mistério é venerado em sua globalidade, especialmente nos domingos.


Este período chama-se “per annum” (Tempo Comum). J. Lopéz Martin diz muito bem que estamos diante de “um tempo importante, tão importante que, sem ele, a celebração do mistério de Cristo e sua progressiva assimilação pelos cristãos seriam reduzidas a episódios isolados, ao invés de impregnar toda a existência dos fiéis e das comunidades. Somente quando se compreende que o Tempo Comum é um tempo indispensável, que desenvolve o mistério pascal de modo progressivo e profundo pode-se dizer que se sabe o que seja o ano litúrgico. Dar atenção unicamente aos” tempos fortes “significa esquecer que o ano litúrgico consiste na celebração,com sagrada lembrança no curso de um ano, de todo o mistério de Cristo e da obra da salvação. 



Neste longo período devemos prestar especial atenção ao Lecionário tanto dominical como ferial. É o tempo em que a comunidade cristã aprofunda na fé o mistério pascal e sublinha as exigências morais da vida nova. 
A liturgia é antes de tudo,culto santificante; todavia,contém rica instrução ao povo de Deus,para a qual é importantíssima a leitura da Sagrada Escritura. 



Por isso o Concílio Vaticano II estabeleceu que houvesse nas celebrações litúrgicas uma mais abundante, mais variada e mais adequada leitura da Bíblia (cf. SC 24,33,35). A recuperação da leitura da maior parte dos livros da Escritura acontece durante o Tempo Comum. 



Neste período, deve ser lembrado e cultivado o sentido do domingo como Páscoa semanal e dia da Assembléia. 
A leitura dos evangelhos sinóticos que caracteriza os anos A, B e C do lecionário dominical, deve levar em conta que tais textos são o testemunho da consciência de um itinerário de amadurecimento na Igreja primitiva. Esse itinerário, percorrido em momentos sucessivos, pode e deve tornar-se caminho de fé em direção a “uma consciência plena” da vontade de Deus , também para as nossas assembléias dominicais. 



Segundo as indicações do cardeal Carlo Maria Martini, as etapas desse itinerário estariam nesta ordem: 
O Evangelho de Mateus (ano A) marca a etapa da introdução às diversas experiências eclesiais (2011). 
O Evangelho de Marcos (ano B) constitui a etapa da experiência catecumenal da conversão. 
O Evangelho de Lucas (ano C) introduz à intelecção do mistério do reino em sua relação com a história.


Fonte:http://www.paroquiadecaninde.com/noticias.php?ident=297

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Frei Mauro, de Bivio para o mundo

“Onde ninguém quer ir” é o título do Documentário realizado por Ruben Rossello, para a Televisão da Suíça Italiana (RSI), que conta a vida de nosso Ministro Geral e o trabalho dos capuchinhos espalhados pelo mundo. Pela primeira vez frei Mauro aceitou contar a sua vida. Se inicia pelo Convento da Cúria Geral em Roma, em 2006, quando ele foi eleito Ministro Geral, ali residindo, mesmo se grande parte do tempo ele está em visitas aos frades pelo mundo. O produtor para documentar a vida do Ministro Geral, o seguiu em Bivio, cidade onde ele nasceu há 63 anos, na Basílica de Assis, no Vaticano... e ali onde ninguém quer ir, como nas favelas de Bangkok, ou entre os “sem terra” do interior do Brasil, no meio dos quais trabalham os frades capuchinhos, que são cerca de 10.500 e estão em 106 países no mundo!

 Pergunta-lhe o jornalista: “O que traz o homem dentro de si? Seria o desejo de uma vida cômoda?“. “Não, responde frei Mauro, ele traz um desejo: a exigência profunda de uma vida doada, de uma vida radical vivida por uma causa… Seguir S. Francisco que pega a cruz de Cristo para ser livre numa vida itinerante, numa vida sem seguranças, é algo que ainda hoje apaixona”. Mas ir lá onde ninguém quer ir exige “a oração e a simplicidade”, afirma frei Mauro quando diz quem ele é e quem são os capuchinhos. “Exige o suportar-se mutuamente na vida em fraternidade, na partilha profunda e na doação gratuita”. Muitas são também as perguntas pessoais feitas, algumas também difíceis, às quais ele não se esquiva. “Você nunca esteve em crise?”, lhe pergunta a queima-roupa o jornalista. Ele não esconde a sua emoção revelada em longa pausa, antes de responder... o que permite de descobrir a fundo quem é frei Mauro, o homem e o frade, o cristão e seu relacionamento pessoal com Deus.

O filme que dura 50 minutos nos ajuda a conhecer a pessoa de frei Mauro, mas também e sobretudo quem são, onde estão e como trabalham os frades capuchinhos que anunciam o Evangelho, vivenciando hoje o carisma que S. Francisco deixou para a Igreja e a humanidade. É possível ver o documentário no site da Televisão da Suíça Italiana, RSI