Ao lermos os Evangelhos, podemos encontrar alguns exemplos de chamados que Jesus fez e que foi correspondido, como por exemplo, quando Jesus chama Mateus: “Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu” (Mt 9,9). Podemos ver que prontamente Mateus respondeu ao chamado de Cristo.
Entretanto, encontramos também exemplos de vocações que não foram correspondidas, como é o caso da do jovem rico.
“Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?” (Mt 19,16) Vemos neste versículo que um jovem toma a iniciativa de perguntar a Jesus sobre um assunto importante: a vida eterna, ou seja, como conquistar a vida eterna?
O diálogo continua entre os dois: “Disse-lhe Jesus: ‘(...) Se queres entrar na vida eterna, observa os mandamentos’. ‘Quais?’ perguntou ele. Jesus respondeu: ‘Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho,honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo’” (Mt 19,16-19).
Jesus responde ao jovem com uma pequena lista de mandamentos, todos relacionados ao próximo: não matar, não cometer adultério, não roubar, não levantar falso testemunho, honrar pai e mãe, enfim, amar o próximo como a si mesmo. Diante desta proposta de Jesus o jovem responde com convicção e, porque não, orgulho: “Disse-lhe o jovem: ‘Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda? ’” (Mt 19,20)
Podemos dizer que ele era um exemplo de jovem religioso, era, como se diz, o filho que toda mãe gostaria de ter, vivia com fidelidade todos os deveres da religião judaica, e isso desde a sua infância.
Jesus percebe a sua convicção de ser fiel nos cumprimentos da fé e então Ele faz o chamado:
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19,21)
Essa proposta de Jesus é importantíssima, pois se analisarmos, por exemplo, a resposta que Jesus dá ao doutor da lei quando lhe perguntou qual era o maior mandamento da lei de Deus, Ele respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito (Dt 6,5). Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas” (Mt 22,36-40).
Porque Jesus não disse ao jovem que uma condição para entrar na vida eterna era amar a Deus sobre todas as coisas? Eis aí o segredo da proposta que Jesus fez ao jovem quando lhe disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” Por traz desta proposta de Jesus está o chamado a ter Deus em primeiro lugar na vida, está o chamado à primazia de Deus. Quando respondemos ao chamado do Senhor, nós estamos nos dispondo a investir a vida para amar a Deus sobre todas as coisas.
Jesus viu que o jovem era sincero ao dizer que já observava os mandamentos, ele dizia a verdade, mas o Senhor viu que lhe faltava uma coisa: a primazia de Deus, cumprir todos os mandamentos por amor a Deus, e não por amor a si mesmo, ou para ser um exemplo de pessoa que cumpre tudo direitinho. Jesus percebeu que faltava o amor a Deus. A proposta de tudo deixar e seguir Jesus seria a prova de que ele estava disposto a tudo pela vida eterna, era a prova de que ele realmente estava disposto a tudo fazer para amar a Deus, mas, infelizmente, diante desse chamado do Senhor o Evangelho nos mostra qual foi a reação desse jovem: “Ouvindo estas palavras, o jovem foi embora muito triste, porque possuía muitos bens” (Mt 19,22).
Outro exemplo de jovem
Ainda nos Evangelhos, podemos encontrar o exemplo de uma outra pessoa que, ao ser chamada por Cristo, respondeu prontamente: o evangelista João, que segundo os especialistas, era o mais jovem dos apóstolos. Assim, acabamos de ver o exemplo de um jovem que disse não ao chamado de Deus e agora veremos outro que disse sim ao chamado que recebeu: “Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.” (Mc 1,19-20)
Podemos ver que como Pedro e André, João e seu irmão Tiago eram também pescadores. Entretanto, é importante prestarmos atenção a um detalhe que encontramos no Evangelho de Lucas: “O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.” ( Lc 5, 10-11)
Embora esses quatro homens fossem pescadores, eles não eram pescadores quaisquer. Segundo alguns estudiosos, à luz também dessas palavras do Evangelho de Lucas, eles tinham uma Companhia de Pesca, ou seja, eles tinham certa estrutura econômica e social, até porque naquele tempo a pesca era um grande meio de sustento, como ainda o é hoje em muitos lugares. João fazia parte desta Companhia, era um jovem trabalhador, cheio de projetos, como todo jovem, mas diante do chamado que o Senhor fez, ele tudo deixou para segui-Lo. Ele percebeu que só Jesus poderia realmente realizá-lo em sua existência e diante desse chamado ele não titubeou e deu seu sim.
(Fonte: Comunidade Shalom).
FREI ALEXANDRE, OFMCAP.
TERESINA - PIAUÍ
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