quinta-feira, 30 de junho de 2011

Papa indica amizade com Jesus como "programa de vida sacerdotal


A Santa Missa em comemoração aos 60 anos da Ordenação Sacerdotal de Bento XVI foi presidida pelo Pontífice na manhã desta quarta-feira, 29 de junho, Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, na Basílica de São Pedro.

Ao longo da cerimônia, também houve a entrega do Pálio aos novos Arcebispos Metropolitanos nomeados ao longo do último ano, entre os quais sete brasileiros.

O Papa centrou sua homilia em torno da expressão "Já não vos chamo servos, mas amigos" (cf. Jo 15, 15). Segundo o ordenamento litúrgico do tempo de sua Ordenação, essas palavras eram ditas pelo bispo ao final da cerimônia e significavam a explícita concessão aos novos sacerdotes do mandato de perdoar os pecados.

"'Já não sois servos, mas amigos': nesta frase está encerrado o programa inteiro de uma vida sacerdotal", destacou. Ele disse que tal expressão gera uma grande alegria interior, mas, ao mesmo tempo, na sua grandeza, pode fazer o sacerdote sentir ao longo dos decênios calafrios com todas as experiências da própria fraqueza e da bondade inexaurível de Deus.

"Senti-me impelido a dizer-vos uma palavra de esperança e encorajamento; uma palavra, amadurecida na experiência, sobre o fato que o Senhor é bom. Mas esta é sobretudo uma hora de gratidão: gratidão ao Senhor pela amizade que me concedeu e que deseja conceder a todos nós. Gratidão às pessoas que me formaram e acompanharam. E, subjacente a tudo isto, a oração para que um dia o Senhor na sua bondade nos acolha e faça contemplar a sua glória", expressou.

Acesse
.: NA ÍNTEGRA: Homilia de Bento XVI nos 60 anos de sacerdócio e entrega do Pálio
.: Confira fotos da cerimônia no Flickr
.: Papa comemora 60 anos de padre: dia mais importante da minha vida



Amizade e frutos

"O que é verdadeiramente a amizade?", questionou. E respondeu: "A amizade é uma comunhão do pensar e do querer. [...] Ele conhece-me pelo nome. Não sou um ser anônimo qualquer, na infinidade do universo. Conhece-me de modo muito pessoal. E eu? Conheço-O a Ele? A amizade que Ele me dedica pode apenas traduzir-se em que também eu O procure conhecer cada vez melhor".

Segundo o Pontífice, a amizade não é apenas conhecimento, mas sobretudo comunhão do querer. "Significa que a minha vontade cresce rumo ao 'sim' da adesão à d’Ele. Na amizade, a minha vontade, crescendo, une-se à d’Ele: a sua vontade torna-se a minha, e é precisamente assim que me torno de verdade eu mesmo".

Essa expressão de Jesus sobre a amizade está no contexto do discurso sobre a videira, imagem que alude à tarefa dada aos discípulos - "Eu vos destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça" (Jo 15, 16). Por isso, a primeira tarefa dada aos discípulos, aos amigos, é pôr-se a caminho: "Sair de si mesmos e ir ao encontro dos outros. O Senhor exorta-nos a superar as fronteiras do ambiente onde vivemos e levar ao mundo dos outros o Evangelho, para que permeie tudo e, assim, o mundo se abra ao Reino de Deus", afirmou.

O Bispo de Roma explicou que o fruto que o Senhor espera de nós é como o vinho, imagem do amor no discurso sobre a videira. No entanto, advertiu que o Antigo Testamento recorda que o vinho esperado das uvas boas é imagem da justiça, que existe em uma vida vivida segundo a lei de Deus.

"E não digamos que esta é uma visão veterotestamentária, já superada. Não! Isto permanece sempre verdadeiro. O autêntico conteúdo da Lei é o amor a Deus e ao próximo. Este duplo amor, porém, não é qualquer coisa simplesmente doce; traz consigo o peso da paciência, da humildade, da maturação na educação e assimilação da nossa vontade à vontade de Deus, à vontade de Jesus Cristo, o Amigo. Só deste modo, tornando verdadeiro e reto todo o nosso ser, é que o amor se torna também verdadeiro, só assim é um fruto maduro. A sua exigência intrínseca, ou seja, a fidelidade a Cristo e à sua Igreja requer sempre que se realize também no sofrimento. É precisamente assim que cresce a verdadeira alegria. No fundo, a essência do amor, do verdadeiro fruto, corresponde à palavra relativa ao pôr-se a caminho, ao ir: amor significa abandonar-se, dar-se; leva consigo o sinal da cruz".


Pálio

O Papa recordou, ao impor o pálio aos Arcebispos Metropolitanos nomeados depois da última festa dos Apóstolos, que esse significa, em primeiro lugar, o jugo suave de Cristo que é colocado aos ombros dos Pastores.

"Assim, para nós, é, sobretudo, o jugo de introduzir outros na amizade com Cristo e de estar à disposição dos outros, de cuidarmos deles como Pastores. [...] Recorda-nos que podemos ser Pastores do seu rebanho, que continua sempre a ser d’Ele e não se torna nosso. [...] Por fim, o pálio significa também, de modo muito concreto, a comunhão dos Pastores da Igreja com Pedro e com os seus sucessores: significa que devemos ser Pastores para a unidade e na unidade, e que só na unidade, de que Pedro é símbolo, guiamos verdadeiramente para Cristo".

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Eucaristia e a humildade


"Eis que se humilha diariamente, como quando veio do trono real (Sb 18, 15) ao útero da Virgem; vem diariamente a nós ele mesmo aparecendo humilde; des­ce todos os dias do seio do Pai (cfr. Jo 6,38; 1,18) sobre o altar nas mãos do sacerdote." (São Francisco de Assis. Admoestationes, I, 16-18)

Hoje que a Igreja celebra a Solenidade de Corpus Christi, é oportuno fazermos uma reflexão acerca do testemunho silencioso que encerra o Santíssimo Sacramento. De fato, Jesus Cristo sendo Deus consubstancial ao Pai e ao Espírito Santo, humilhou-se na Sua Encarnação, ao assumir a frágil condição humana, e ao viver na obediência, como servo (Fl 2, 6-11). Mas também na Sagrada Eucaritsia, na qual o Senhor renova a obra da Redenção, Ele renova também a sua humilhação. Alguns autores usaram mesmo o termo grego kenosis, "aniquilamento", para definir esse ato de humildade de Jesus na Eucaristia. Pois consideremos que ele é Deus Todo-Poderoso, Rei e Senhor do Universo, Santíssimo, e que desce dos Céus sob o aspecto inofensivo do pão e do vinho, a tal ponto que se deixa ser carregado pelos homens, e mesmo expondo-se ao risco de profanação! Aparece na Eucaristia como cordeiro manso do sacrifício, tal como na Sua Paixão.

"Aí o tens: é Rei de Reis, e Senhor de Senhores. - Está escondido no Pão.
Humilhou-se até esse extremo por amor de ti." (São Josemaría Escrivá.Caminho, 538)

Assim, mesmo estando aparentemente passivo escondido sob o véu das aparências de pão e do vinho, o Senhor nos dá um grandioso testemunho de humildade. Que ao contemplarmos o Santíssimo Sacramento, sejamos humildes, reconheçamos nossos pecados, fraquezas e imperfeições e roguemos a Jesus, modelo de humildade, que nos ajude a sermos mais humildes e a abrirmos nossas fraquezas para Sua Graça afim de que por ela sejamos fortaleçidos. E que, nesse espírito de humildade, saibamos examinar bem nossa consciência afim de não receber este excelso Sacramento se estivermos em estado de pecado mortal, fazendo comunhão espiritual expressando o desejo de receber o Senhor dignamente e pedindo a Ele a Graça de um arrependimento firme e sincero, bem como de uma santa confissão. E, quando estivermos em estado de graça, peçamos a Ele que aumente sempre a nossa Graça, a fim de nos fortalecer no Amor e na prática das virtudes.

Por fim, lembremos sempre de ao passarmos diante de um Sacrário onde Cristo estiver presente de confessar-Lhe "Senhor, eu creio! Mas aumenta a minha Fé!"


Fonte:http://www.salvemaliturgia.com/

segunda-feira, 20 de junho de 2011

PROFISSAO SOLENE DO FREI ALOISIO.

No dia 12 de junho do corrente ano, na Solenidade de Pentecostes, o frei Aloísio Albuquerque, Secretário Provincial, emitiu seus votos solenes na Ordem dos Frades Capuchinhos, Província São Francisco das Chagas do Ceará e Piauí. Participaram da concelebração no Santuário Sagrado Coração de Jesus os confrades: Frei Henrique Araújo, Ministro Provincial e presidente da celebração, Frei Roberto, Frei Nilto, Frei Deusimar, Frei Ribamar, Frei Walbério, Frei Roberildo, Frei Rogério, Frei Vital, Frei Benedito e Frei Lázaro (noviço). Também alguns familiares do profitente, religiosos e religiosas, além de amigos e da comunidade do Santuário, participaram da celebração e do momento de confraternização realizado no pátio interno do Convento Sagrado Coração de Jesus (Cúria Provincial). Que Deus conceda sua luz e sua fortaleza para sermos fiéis à missão que ele nos confia e que abraçamos livremente. Amém.


Fonte:http://www.procepi.org.br/blog

MISSA EM SAN MARINO: FALSAS RIQUEZAS


Papa constata dificuldades causadas por modelos hedonistas

SERRAVALLE, domingo, 19 de junho de 2011 (ZENIT.org) - A riqueza do homem é a fé, e não apenas suas capacidades pessoais ou sociais, afirmou Bento XVI neste domingo durante a missa que celebrou com cerca de 20.000 pessoas no estádio olímpico de Serravalle.
O Papa advertiu que substituir a fé e os valores cristãos por falsas riquezas conduz ao fracasso na busca do bem. Conduz ainda a experiências como as numerosas crises familiares, agravadas pela fragilidade espiritual dos cônjuges e as dificuldades na formação dos jovens.
A celebração eucarística foi o primeiro ato oficial da visita pastoral que o Papa realiza neste domingo à diocese de San Marino-Montefeltro, após chegar ao heliporto de Torraccia, procedente do Vaticano, perto das 9h da manhã.
Depois de agradecer pela cordialidade e afeto com que foi recebido, o Papa disse aos cidadãos que a riqueza deles “foi e é a fé”. Ele assinalou que “o melhor modo de apreciar uma herança é cultivá-la e enriquecê-la”.
“Vocês estão chamados a desenvolver este precioso depósito em um dos momentos mais decisivos da história”, disse.
“Hoje, esta missão tem de enfrentar profundas e rápidas transformações culturais, sociais e políticas, que têm determinado novas orientações e modificado a mentalidade, os costumes e a sensibilidade”, afirmou.
“Tampouco aqui, de fato, como em outros lugares, faltam dificuldades e obstáculos, devido sobretudo a modelos hedonistas que ofuscam a mente e ameaçam anular toda a moralidade.”
O Papa disse que “se insinua a tentação de considerar que a riqueza do homem não é a fé, mas seu poder pessoal e social, sua inteligência, sua cultura e sua capacidade de manipulação científica, tecnológica e social da realidade”.
“Começou-se a substituir a fé e os valores cristãos por supostas riquezas, que se revelam, ao final, inconsistentes e incapazes de sustentar a grande promessa do verdadeiro, do bem, do belo e justo, que durante séculos vossos ancestrais identificaram com a experiência da fé”, prosseguiu.
Como resultado, Bento XVI se referiu à “crise de não poucas famílias, agravada pela difusa fragilidade psicológica e espiritual dos cônjuges” e o “cansaço experimentado por muitos educadores em obter continuidade formativa nos jovens, condicionados por múltiplas precariedades, a primeira a da função social e da possibilidade de trabalho”.
Ante esta realidade, o Papa convidou os fiéis a se mostrarem como “cristãos presentes, decididos e coerentes”.
Aos leigos, o Papa recomendou que se empenhem “ativamente na comunidade, de modo que, junto a suas peculiares obrigações cívicas, políticas, sociais e culturais, possam encontrar tempo e disponibilidade para a vida pastoral”.
Fonte:Zenit

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dom Sergio é nomeado para Brasília

Dom Sérgio da Rocha é o novo arcebispo da arquidiocese de Brasília, no Distrito Federal. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 15, pelo papa Bento XVI, que nomeou também o padre Marian Marek Piatek, conhecido como padre Marcos, bispo da prelazia de Coari, no estado do Amazonas, vacante desde julho de 2009.

Dom Sérgio, 51, vem para a capital federal transferido de Teresina (PI), onde chegou como arcebispo coadjutor, em 2007, assumindo a arquidiocese em setembro de 2008. Ele sucede a dom João Braz de Aviz que, em janeiro, foi nomeado prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, em Roma.

Na última assembleia geral da CNBB, no mês passado, em Aparecida (SP), dom Sérgio foi eleito presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, tornando-se membro do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) e do Conselho Permanente da CNBB. No último quadriênio (2007-2011), foi presidente do Regional do Regional Nordeste 4 da CNBB, que abrange todo o estado do Piauí.

Paulista de Dourada, dom Sérgio nasceu no dia 21 de outubro de 1959. Fez o curso de filosofia no Seminário de São Carlos (SP) e de teologia em Campinas (SP). Ordenado padre no dia 14 de dezembro de 1984, fez mestrado em Teologia Moral na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e doutorado na Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma.

Nomeado bispo auxiliar de Fortaleza (CE) em 13 de junho de 2001, recebeu a ordenação episcopal no dia 11 de agosto do mesmo ano. Como bispo, foi membro das Comissões da CNBB: para a Doutrina (2002-2007), Mutirão para Superação da Miséria e da Fome (2001-2004), para os Ministérios Ordenados e da Vida Consagrada (2007-2011). Neste mesmo período, foi presidente do Departamento de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). Exerceu, também, várias funções nos Regionais da CNBB Nordeste 1 (Ceará) e Nordeste 4 (Piauí).

domingo, 5 de junho de 2011

Sermão de Santo Antônio de Pádua, na Ascensão do Senhor

O envio dos Apóstolos para a pregação: sentido moral
Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem. Àqueles que derem o coração a Deus, acompanhá-los-ão sinais, porque já sobre o seu coração há o sinal de que se lê nos Cânticos: Põe-me como um sinal em cima do teu coração (Cant 8,6). Quando queremos defender dos ladrões os nossos bens ou a nossa casa, costumamos pôr ali a insígnia ou a bandeira do rei ou de algum grande homem, para que à sua vista temam seguir para a frente. Também se queremos defender o nosso coração dos demônios, ponhamos sobre ele Jesus, que é salvação. E onde há salvação, ali há saúde. Eis os sinais: Em meu nome expulsarão demônios (Mc 16,17).
Aos demônios chamam os gregos daimones, isto é, peritos ou sabedores de coisas. A palavra demônio, em grego, significa o que sabe muito. Os demônios são a sabedoria da carne e a esperteza do mundo. Quais demônios, elas atormentam o espírito do homem e afligem o corpo com preocupações. A sabedoria da carne é o demônio noturno, a esperteza do mundo, o demônio meridiano. A sabedoria da carne é cega, embora esteja convicta que é de visão muito aguda – de noite é de visão muito aguda, como se fora um gato. A esperteza do mundo, porque arde com o calor da malícia, é semelhante ao sol do meio-dia. Aquele que deu o coração a Deus, lança fora de si estes demônios, e faz ainda todos os outros sinais dos quais fala o Evangelho. Falarão em novas línguas. A língua do mundo é língua velha, porque fala coisas velhas a respeito do homem velho. Aqueles a quem os sobreditos demônios atormentam, falam esta língua, mas os lançam fora de si, falam línguas novas, em vida nova. Diz Isaías: naquele dia, haverá cinco cidades na terra do Egito a falar a língua de Canaã e a jurar pelo Senhor dos exércitos: Uma será chamada Cidade do Sol (Is 19,18). A terra do Egito, que se interpreta trevas, é o corpo do homem, cheio de trevas pela pena e pela culpa. Nele há cinco cidades, os cinco sentidos do corpo, dos quais um, a vista, se chama Cidade do Sol. Assim como o sol ilumina todo o mundo, a vista ilumina todo o corpo. Estas cidades falam a língua de Canaã, isto é, mudada. Com a mudança da direita do Altíssimo, depõem o homem velho com os seus atos e revestem o novo, vivendo em justiça e verdade.
Assim como a fala exterioriza a palavra escondida no coração, os cinco sentidos do homem, já mudados e convertidos a Deus, falam dele externamente, tal que é no interior. Isto é o que significa jurar, afirmar a verdade. A verdade, pois, da consciência afirma-se com o testemunho da vida santa, para louvor do Senhor dos exércitos, Senhor dos Anjos. Sobre isto ainda se ajunta: Pegarão em serpentes (Mc 16,18). As serpentes simbolizam a adulação e a detração, que serpenteiam e injetam veneno. O adulador serpenteia, o detrator injeta veneno. Aqueles que falam novas línguas tiram estas serpentes de si. Retirem as coisas velhas da vossa boca (1Reis 2,3). A saliva do homem em jejum mata a serpente; a língua em jejum é uma espécie de língua nova, cujo antídoto anula o veneno. Mas a antiga serpente como que adulava Eva, quando dizia: De forma alguma morrereis de morte (Gn 3,4). Como que detraía de Deus, quando acrescenta: Deus sabe que, na hora em que comerdes dela, se vos abrirão os olhos e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal (Gn 3,5). Como se dissesse: Deus, cheio de inveja, proibiu-vos, não querendo que vos assemelhásseis a ele na ciência. Eis como o adulador se insinua e o detrator injeta o veneno. Aquele, porém, que está em jejum, cospe na boca da serpente, mata-a, e assim se livra dela.
Segue: E se beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão. Comentário da Glossa: Quando ouvem as sugestões pestilentas, mas não as transformam em obras, isso não lhes faz mal, ainda que bebam algo de mortífero. Diz Isaías: Não beberão vinho cantando árias. A bebida será amarga para os que a beberem (Is 24,9). Por isso, não lhes fará mal. Não bebe o vinho da sugestão diabólica cantando árias quem não consente nela, antes a rejeita, se dói e lamenta. Por isso a própria bebida, a sugestão diabólica, é amarga para os que a bebem para os que a ouvem e a sofrem. Ao contrário, Joel: Despertai, ó ébrios, e chorai e uivai todos os que pondes as delícias em beber, porque ele foi tirado da vossa boca (Joel 1,5). Assim é a letra, porque as delícias do vinho depressa desaparecem da boca, desde que passa a garganta. Brevíssima demora da doçura quantos males gera aquele que bebe o vinho da sugestão diabólica, consentindo em espírito e em obras! Diz-se aos ébrios com tal vinho: Despertai, recordando o vosso pecado, chorai, arrependendo-vos de coração, uivai, confessando-vos. Portanto, todo o que possuir em si aqueles quatro sinais dos quais falamos, poderá fazer bem o quinto: Imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados. Chama-se doente, por precisar de remédio ou medicamento. Doente é o pecador, que precisa muito de medicamento, do exemplo de boas obras. Põe as mãos sobre ele para o curar, para voltar à penitência, aquele que o conforta não só com a palavra da pregação, mas também com o exemplo da obra santa. Amém.
Santo Antônio de Lisboa, Obras Completas, Lello & Irmão – Editores, Porto, vol. II, pp. 925-929.

sábado, 4 de junho de 2011

Ascensão do Senhor


Dom Paulo Mendes Peixoto

Bispo de São José do Rio Preto - SP

Celebramos o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema “Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital”. Dia que coincide com a Festa da Ascensão do Senhor, como fato que solidifica a comunicação de Deus com o seu povo, criando possibilidade do humano se tornar divino.
Na Ascensão o Senhor Jesus volta para a casa do Pai, de onde saiu, confirmando e abrindo caminho para todo aquele que procura vivenciar a autenticidade da vida de fé e de testemunho da verdade. Este fato acontece dentro de uma dimensão de comunicação e de relação consciente com Deus, na vivência comunitária.
O relacionamento humano acontece num processo de comunicação, seja no “calor humano”, seja intermediado pelos meios da tecnologia, pelas ondas midiáticas, destacando hoje a admirável força da internet, podendo aproximar ou também distanciar as pessoas no seu relacionamento e convivência.
Os cristãos se esforçam para comunicar a presença de Deus no meio das pessoas. Foi o que fizeram os apóstolos do Senhor com o instrumental que tinham. O mesmo acontece nos novos tempos com recursos de alta qualidade. A tecnologia é a grande aliada do anúncio da Palavra de Deus, qualificando as formas de comunicar.
A mídia faz com que a comunicação transcenda os limites do próprio comunicador. É o milagre da vida que passa pelo avanço tecnológico, revelando perfeitamente o mistério de Deus e o mistério da criatura humana na capacidade de comunicação. Esta é a dinâmica com Criador tornando possível o existir por força de sua Palavra.
Neste dia dos meios de comunicação social damos destaque para a imprensa, o rádio, a televisão e a internet. Podemos até dizer que, para o cristão tornar-se testemunha da fé, no contexto de hoje, ele deve estar presente nestes meios, fazendo com que ali haja o espírito de vivência cristã.
A mídia, para ser autêntica, não pode ser marcada tão fortemente pelo sensacionalismo, provocadora de consumismo e maliciosa em favor da opressão e da injustiça. É fundamental ter em conta o “senhorio” de Cristo, que vence o mal com a vida.
Fonte:http://www.cnbb.org.br/site/articulistas/dom-paulo-mendes-peixoto/6738-ascensao-do-senhor

Não à manipulação da Santa Missa!

“Estou cansado de ter que procurar uma Santa Missa, com dignidade e sem modas, como uma agulha no palheiro. Parece até uma sina: onde chego, logo na porta principal da Igreja já está o cartaz com o convite para a “Missa de Cura e Libertação”, com Padre Fulano de Tal... ou pior ainda, quando olho para o outro lado do mural, está agendada a “Missa Sertaneja”; no grupo de oração da semana que vem, “Missa Carismática”... (ah, se Padre Pio ainda vivesse para ouvir o que fizeram com os ‘grupos de oração’...). Por outro lado, quando encontro algumas pessoas que costumam assistir a Santa Missa em sua forma extraordinária ou, vulgarmente chamada de “Tridentina”, chamam-na de “Missa de Sempre”. É que não tenho a pele branca para ver quão vermelho de irritação eu fico quando ouço certos “jargões”.

“Missa de Cura e Libertação”, “Missa Sertaneja”, “Missa Carismática”, “Missa de Sempre”... a que ponto chegamos! Manipular o único e eterno memorial do Sacrifício do Calvário... quanto desgosto sinto! Acredito que seja o mesmo que muitos, quando têm que aturar padres (e alguns até ‘muito bem preparados’, academicamente), falando abobrinhas sentimentais...

Foi-se o tempo em que o início da Santa Missa era feito pelo Padre e não pelos cantores; foi-se o tempo em que o ato penitencial levava a uma contrição autêntica; foi-se o tempo em que o glória era um louvor ao Pai e ao Cordeiro e não um “hino trinitário”; foi-se o tempo em que o salmo era responsorial e não de “meditação”; foi-se o tempo em que a homilia era o momento de catequese; foi-se o tempo em que o canto do Sanctus proclamava, já antecipadamente, a vinda escatológica Do que vem em nome do Senhor; foi-se o tempo em que, após a consagração, era o momento de olhar o Senhor e adorá-lo e não cantar ou bater palmas, e que apenas ‘quem falava eram os sinos’; foi-se o tempo em que a comunhão era de joelhos e na boca; foi-se o tempo em que se guardava silêncio, mesmo que breve, após a comunhão... enfim, foi-se o tempo de tantas coisas... e estas “tantas coisas” geraram Santos, verdadeiros homens de fé e uma fé madura, não infantilizada, à estatura de NSJC.

É certo que a Palavra de Deus é viva e eficaz e que nos toca ao coração. Mas não se trata de banalizar ou denigrir o seu valor. Ela é cortante e penetra o íntimo das nossas almas. A grande questão é o desvio de foco. Se hoje temos concepções de “Missas” como essas, é devido ao subjetivismo de tantos padres, ou seja, eles desviam o foco de NSJC e levam-no para si. Também é certo que o sacerdote age in persona Christi, mas ele deve se re-cordar (= trazer ao coração) sempre o exemplo do Senhor Jesus Cristo que, “embora sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens... Por isso, Deus o exaltou soberanamente...” (Fl 2,6-7.9).

Mas, o que realmente me deixa consternado é a manipulação da Santa Missa para os gostos pessoais e intimistas de cada padre... E nem adianta dizer que é o povo quem quer assim. Errado! Todo sacerdote (ou presbítero, como queiram chamar), recebeu uma formação específica da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana. Ora, se assim o é, então, deve obedecer, como prometeram no dia da sua ordenação a tudo o que está escrito e não transgredir ou inventar ou, pior ainda, modificar, sem poder algum para tal coisa. O povo recebe o que o padre dá.

Penso que o dever primeiro de cada sacerdote é a salvação e cura das almas, a começar da sua própria. E rezo para que cada qual tenha consciência do que faz e que temam o juízo. De fato, constato que muitos já não têm mesmo medo da condenação eterna e se afugentam na historinha: ah, o céu ou inferno é aqui e agora... Que Deus lhos perdoe por tanta insanidade e falta de fé. Esta sim é a grande “crise” pela qual muitos deveriam passar. Mas apenas o fazem no sentido mais fraco do termo, que seja, modificação e não no sentido real da palavra, de ‘purificação’. Sim, é necessária uma grande purificação dos pensamentos, palavras, atos e até de omissões!

Acredito que muitos dos que lêem o que escrevo fazem apenas com o intuito de criticar ao final das leituras; mas se pararem para “pensar”, isto é, avaliar onde está o ‘peso’ real das coisas, hão de concordar que os erros não estão em quem lhos constatam; antes, estão nos que são os sujeitos das situações, no caso, dos Padres em relação às concepções da Santa Missa.

Concluindo esta breve conversa, dirijo-me aos “Ministros do Divino Altar”. Se tiverem consciência de que cada um é realmente “um outro Cristo nesta terra”, começarão a executar os seus ofícios com um gostinho de céu, como uma antecipação já aqui e agora do Reino que pregamos e anunciamos. Espero que ao ensinarem as ovelhas confiadas a cada um, quando falarem em “Missa de Cura e Libertação”, “Missa Sertaneja”, “Missa Carismática”, “Missa de Sempre”, façam com a consciência de que em cada denominação errônea dessas, ainda assim, não desviem o foco: NSJC!"

                                                                                                               Frei Ângelo Bernardo