quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


Província do Ceará e Piauí – São Francisco das Chagas

1.    INTRODUÇÃO
1.1.        Contexto geográfico e sócio-religioso da Província
A Província da São Francisco das Chagas compreende dois Estados brasileiros, nordestinos e limítrofes. Ceará e Piauí, que somam um território de aproximadamente 396, 693 Km2 e uma população de 9.324.700 de habitantes.
  O Ceará tem uma extensão de 146.348,3 Km2 e uma população de 6.633.100 habitantes, com descendentes de brancos, indígenas, negros e mestiços. Sua evangelização primordial se realizou a partir da Diocese de Olinda, que nesse tempo se estendia do Rio São Francisco ao Rio Grande do Norte e ao Ceará e Piauí, que formavam na parte interior o amplo sertão de Rodelas. Na região litorânea o Ceará foi evangelizado pelos jesuítas e pelo clero secular, na Ibiapaba pelos jesuítas, e na região sul, sobretudo pelos CAPUCHINHOS ITALIANOS.
O cearense, lutador, expansionista e migrador, é um povo muito religioso e católico; cultiva uma especial devoção à Virgem Maria, e São José e, sobretudo a São Francisco das Chagas de Canindé, donde provém o título da Província dos Capuchinhos do Ceará e Piauí. No Ceará destacam-se dois centros de animação da vida religiosa do povo: Canindé cuja alma é São Francisco das Chagas e o Cariri, de motivação mais complexa, girando em torno da devoção ao Padre Cícero Romão Batista (data...), a Nossa Senhora das Dores, às Almas do Purgatório e a São Francisco das Chagas.
A Província tem (número de fraternidades) no Ceará, inclusive na sede, Fortaleza. Está presente em três Dioceses cearenses, Arquidiocese de Fortaleza (Nossa Senhora da Assunção), Diocese de Sobral (...) e na Diocese de Crato (...).
O Piauí tem uma extensão de 252. 378,5 Km2 e uma população de 2.691.600 (Conferir no Senso 2010) de habitantes, densidade demográfica de apenas 10,7 hab./Km2. Embora o primeiro contato evangelizador com os povos primitivos do Piauí tenha acontecido pelo litoral norte e pela Serra da Ibiapaba, sua evangelização sistemática, aconteceu também a partir da Diocese de Olinda-Recife, sobretudo pelo centro-sul, através da ação missionária do clero secular, que às vezes também eram fazendeiros.
A formação do povo piauiense se deve em grande parte à miscigenação do branco e do preto; este último trazido para ajudar nas fazendas; dos restos das tribos indígenas cruelmente massacradas ou expulsas pelos bandeirantes; de criadores de gado, e de capitães de Campo que, liderados pela família Ávila, as substituíram pelas Fazendas Nacionais. O povo piauiense é muito sofrido, esteve sempre sob a influência política de poucas famílias poderosas, porém, são cheios de decisão e autonomia. O Piauí é muito católico e de cultura religiosa equilibrada.
A Província atualmente conta com quatro residências de Capuchinhos no Piauí e está em três das oito dioceses: Arquidiocese de Teresina (Nossa Senhora das Dores), Diocese de Parnaíba (Nossa Senhora da Graça) e na Diocese de Floriano (...).

1.2.        A consciência histórica da Província
A Província dos Frades Capuchinhos do Ceará e Piauí é ainda muito jovem, está com um pouco mais de 27 anos de Constituição Jurídica no seio da Ordem. Apresar de ser jovem tem consciência de que não está começando do zero, mas é continuadora do carisma franciscano-capuchinho dado por Deus à sua Igreja e da ação evangelizadora de nossos irmãos Capuchinhos que, no Brasil e, especialmente em nossa Região, trabalharam na qualidade de colaboradores da expansão do Reino de Deus.
Somos imensamente gratos aos Missionários Capuchinhos Lombardos por derem convocado nas primeiras horas de sua missão muitos jovens maranhenses, cearenses, piauienses, e até paraenses e a amazonenses para o seguimento dos ideais franciscano-capuchinhos. A nossa gratidão destaca o corajoso gesto de darem a eles a oportunidade de se tornarem uma Fraternidade Provincial nativa na Região di Ceará e Piauí, trilhando bem cedo os caminhos da autonomia. Não podemos, porém, esquecer o espírito apostólico daqueles Missionários Capuchinhos que antes deles, abrindo trilhas evangélicas por todo o Brasil, deixaram em muitos lugares cearenses e piauienses não só marcos indeléveis de seu empenho Missionário, mas sobretudo, imagem de Francisco chegando, impressa na alma deste povo do qual nascemos e somos parte. Algumas das primeiras vocações da então Missão maranhense nasceram em um tempo em que estavam vivos e atuantes na mente das massas nordestinas os trabalhos e as figuras carismáticas dos Missionários Apostólicos.

1.3.        Os Capuchinhos na primeira evangelização do Ceará e Piauí
Não parece provável que os Capuchinhos da Província de Paris (1612-1615) tenham chagado ao Piauí ou a Ibiapaba, que nesse tempo faziam parte do Maranhão; mas, segundo Claude d’Abbeville, muitas tribos bastante nômades, dessa região, onde viviam mercadores e exploradores franceses, tomaram conhecimento de sua ação evangelizadora entre os indígenas maranhenses e vieram visitá-los em São Luís e até morar com os franceses tornarem-se cristãos e fugir das freqüentes ameaças dos portugueses que não toleravam essa concorrência colonial.
É provável, segundo Frei Pietro Vittorino Regni, que os Missionários franceses e bretões tenham chegado até o sul do Ceará, na região do Araripe e Cariri, que herdou o nome dos Índios Cariris, por eles evangelizados. Mesmo no Piauí, curral avançados dos Ávilas, onde o índio foi substituído cruelmente pelo boi, há notícias de que Frei Martinho de Nantes, vindo da Bahia, tenha passado por ali, acompanhado como memorialista uma expedição de Francisco Dias Ávila ao Piauí pelo ano de 1674.
No Ceará, os Missionários Capuchinhos italianos, sobretudo a partir de 1730, criaram várias reduções indígenas, e entre elas a de Caririassu e Miranda. Estas reduções deram origem às cidades de Batalha, Missão Velha, Missão Nova, Milagres, Brejo dos Santos, Caririassu, Crato e outras. A Aldeia de Miranda, situada nos Cariris Novos, distrito da Vila de Icó, dedicada a Nossa Senhora da Penha, era administrada por um Capuchinho e tinha cinco nações de Tapuios: Quichereú, Cariú, Caririúanê, Calabaça e Icozinho. A Aldeia de Miranda deu origem a atual cidade de Crato, que tem Frei Carlos de Ferrara como fundador. Tomás Pompeu Sobrinho informa que em 1780, o Governador Geral de Pernambuco dispunha que os indígenas de Miranda e da região do vale do Cariri se retirassem dessa região e fossem confinados em outras regiões diferentes e afastados da Missão de Miranda.
No Piauí, onde os bandeirantes se aquartelaram, exterminando ou expulsando as tribos indígenas, em defesa de suas fazendas de gado, os Missionários Capuchinhos não fundaram nenhuma redução; embora se fale que Frei Luis Savignano entre 1779 a 1792, tenha feito alguma tentativa neste sentido em missões ambulantes pelo interior do Piauí.
No período das guerras de independência, percorrem o Ceará e Piauí grandes Missionários. Frei Carlos José Della Spezia, em 1744, passou pelo Ceará, realizando Missões ambulantes em Camucim, Ibuassu, Parazinho, Ibiapaba, Serra dos Cocos, Riacho, São José, Trairi, Chopé, Fortaleza, Aqueraz, Cascavel, Aracati, Russas, Banabuiú, Quixeramobim, Caririassu. Frei Aníbal de Gênova, a partir de 9 de agosto de 1763, esteve no Ceará, pregando missões em Fortaleza, Miranda (Crato), Caririassu, Sobral, Jaguaribe; e também no Piauí. Frei Ângelo Maurizio de Nizza que esteve no sul do Ceará para levar a tribo nômade dos índios Chocós a se aldearem em (Bom) Jardim.
Por causa de sua pregação ardente e revestida de formas proféticas, a figura mais lendária das Missões populares entre as populações do Nordeste foi Frei Vital de Frascorolo (1781-1820). O povo ainda guarda na memória as profecias de Frei Vital da Penha como era chamado. Ele passou pelo Ceará pregado missões em Fortaleza, Maranguape, Baturité, Serra dos Pereiras e outras. Em Morada Nova deixou plantado um Cruzeiro como marco da missão pregada nesta cidade. Em sua pregação missionária ele promoveu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, levando sempre o seu estandarte. No Nuseu do Instituto do Instituto Histórico do Ceará há um exemplar de estandarte do Sagrado Coração de Jesus, que dizem ter sido dele. Também Frei Luís de Bolonha, em 1791, percorreu o sul do Piauí pregando missões.
Dos fins de 1846 para começo de 1847, passa pelo Ceará Frei Serafim de Catânia, pregando missões em Fortaleza, Maranguape, Acarape, Baturité, Canindé; no Bairro dos Macacos em Santa Quitéria; em Sobral, Acaraú, Granja, Viçosa e em outros lugares menores, levantando diversos cruzeiros. Depois voltou doente a Fortaleza, em fevereiro de 1847. Em maio do mesmo ano, inaugura solenemente em Fortaleza um grande Cruzeiro no patamar da antiga Catedral, considerado uma obra de arte. Entre os anos de 1848 4 49 retorna ao interior do Ceará pregando pequenas missões, construindo ou fazendo reparo em igrejas, cemitérios, ponte, açudes e estradas, e continuando a obra de regeneração do povo, que iniciara em Fortaleza em 1846. Em 1852, retorna a Fortaleza onde prega uma grande missão, de 25 de novembro a 7 de dezembro, e no ano de 1866 vem novamente ao Ceará e prega missão em Quixeramobim.
A Resolução provincial nº 185 de 8/91844 autoriza o Governo da Província do Piauí a solicitar do Governo imperial, dois Missionários Capuchinhos para se ocuparem da catequese dos índios e na pregação do Evangelho, recebendo cada um uma diária de 640 Réis. Esse pedido foi reiterado na administração de Zacarias Gois e Vasconcelos. Frei Doroteu e Frei Pedro de Brá estiveram por esse tempo em Missão Apostólica nas cidades de Oeiras, Campo Maior e Piracuruca, atraindo multidões às Matrizes e Capelas, mas não parece que tem se ocupado desse encargo oficial. Frei Apolônio de Molineto e Frei Lourenço de Monte Leone é que foram chamados por preferência do Governador da Província, Anselmo Francisco Peretti é incumbido de catequizar os índios ainda existente no Piauí. Em 8/8/1848, Frei Apolônio e seu companheiro chegaram a Oeiras, ao que parece, em tempo de mudança de Governo provincial e nesta Capital ainda pregam e administram os sacramentos. Apesar de o novo Governador lhes ter retirado o pedido de seguirem para Parnaguá a fim de assumirem a catequese do aldeamento indígena, eles preferiram continuar a pregação missionária em outras cidades especialmente no Norte; e em 14/2/1852, saindo de Parnaíba, foram para o Ceará. Não quiseram ser continuadores do projeto oficial, que fez dos aldeamentos campos de extermínio das tribos indígenas aqui existentes. Em 1852, Frei Doroteu de Dronero trabalhou no Piauí, pacificando os ânimos das populações na mudança da Capital de Oeiras para Teresina. Deu muito que falar aos anticlericais do tempo a coincidência do aparecimento de um cometa durante uma de suas pregações. Frei Doreteu esteve também trabalhando na pacificação dos revoltados da Balaiada às margens maranhense e piauienses do Rio Parnaíba. Em 1868, pelo mês de junho, também Frei Luiz de Gúbio esteve no Piauí fazendo pregações.
Já livre dos encargos da Prefeitura Apostólica, Frei Serafim de Catânia passa os últimos anos (1874-1886), no Piauí, chegando a Teresina. O Missionário assumiu o trabalho da construção da Igreja de São Bendito, o Preto, no Alto da Jurubeba, em 13 de junho de 1874. E com a ajuda do povo e do Governo do Piauí, apesar dos embaraços da varíola e seca, a obra foi concluída em 3 de junho de 1886, data de sua inauguração e benção pelo Bispo do Maranhão D. Antonio Cândido Alvarenga. Frei Serafim, enquanto construía a igreja de pedra, através da palavra de Deus e da solidariedade sofrida, construía também a Igreja-Comunidade, que depois se tornou Paróquia de São Benedito, em Teresina. O Missionário retornou à Itália em fins de junho de 1886. O povo de Teresina dedicou-lhe merecidamente o nome da avenida principal.
No Ceará, durante o ano de 1888, Frei Cassiano de Comáchio, com mais dois coirmão, é encarregado de ajudar os flagelados pela grande seca. Nesse ínterim construiu, entre outras obras, a Matriz de Itapipoca e o Açude das Nações junto à Serra de Uruburetama em 1888, na mesma cidade, enquanto presta-lhe a assistência espiritual.

1.4.        A divisão deste trabalho
Acabamos de lança um rápido olhar introdutório sobre os horizontes atuais, geográficos e históricos da Província Capuchinha do Ceará e Piauí e sobre a obra precursora dos Missionários Capuchinhos franceses e italianos que do século XVII ao século XIX, “prepararam o terreno” no coração do nosso povo cearense e piauiense nos primórdios de sua evangelização e colonização. Agora vamos apresentar, resumidamente, apresentaremos a obra heróica dos Missionários Lombardos que por mais de 70 anos fizeram a “semeadura”, plantando Igrejas locais no Brasil Nordeste, e a Ordem Capuchinha, no Ceará e Piauí, e regando-as como muito suor e sangue. Logo mais adiante apresentaremos a obra dos Capuchinhos nativos que desde vários realizam a “colheita”, e se esforçam por tornar uma realidade madura e próspera a implantação da Ordem Capuchinha na região do  Ceará e Piauí.
Ficaremos satisfeitos, se os exemplos de vida e de dedicação missionária dos que nos precederam, nos abrirem os corações para os imensos horizontes da missão interna e externa em nosso mundo atual, tão carente de novo testemunho e de nova semeadura do Evangelho, e nos animarem a fazermos pelos outros o que eles fizeram por nós ou por nossos antepassados.

1.5.        Nossas Fraternidades por Dioceses
Arquidiocese de Fortaleza
Convento, Cúria Provincial e Santuário Sagrado Coração de Jesus
Convento do Piarambu – Santa Clara de Assis e Paróquia Nossa Senhora das Graças
Convento de Messejana e Seminário Nossa Senhora do Brasil (Casa do Pós Noviciado Teológico)
Convento de Guaramiranga e Pousada Nossa Senhora de Lourdes
Convento e Santuário de Sobral São Francisco de Assis (Casa do Postulantado I)

Diocese de Crato (Cariri)
Convento e Santuário São Francisco das Chagas - Juazeiro do Norte (Casa do Pós Noviciado Filosófico)

Diocese de Floriano Piauí
Residência Missionária Frei Damião de Bozzano (Casa do Postulantado II - Uruçui)
 
Arquidiocese de Teresina Piauí 
Convento São Benedito e Paróquia São Benedito (Casa do Pós Noviciado Filosófico)

Diocese de Parnaíba Piauí
Convento e São Sebastião e Paróquia São Sebastião (Casa do Tirocínio)
Residência Missionária São Francisco das Chagas (Lagoa de São Francisco – Casa do Noviciado)

2.    A MISSÃO DOS CAPUCHINHOS LOMBARDOS    
2.1.        INTRODUÇÃO
Em 1892, os Capuchinhos da Província Lombarda, na Itália, recebem da Santa Sé, através da Cúria Geral, a incumbência de abrirem uma Missão indígena na Amazônia.
O projeto inicial, abrangendo o Norte e Nordeste do Brasil, enfeixava objetivos e interesses muito amplos e diversificados, como: a Administração das Obras Missionárias da Prefeitura Apostólica de Pernambuco, em processo de extinção; as tradicionais Missões populares e outras ajudas pastorais, constantemente solicitadas pelo Bispo, sem padres suficientes para atender as populações católicas espalhada por um território de mais da metade do Brasil; a fundação de Missões indígenas na Alta Amazônia, para proteger as fronteiras, como pretendia o Governo Brasileiro; a fundação de Missão Apostólica em sentido jurídico, para organizar novas igrejas locais, como desejava a Santa Sé; e finalmente a velha aspiração da Ordem por tanto tempo barrada pela política do Padroado português, de formar no Brasil Capuchinho nativos.
Projeto de tamanha amplitude não poderia ser realizado, em seleção de objetivos e definição de propriedade, sobretudo em vista da precariedade de meios, pouco conhecimento da realidade e situação de mudanças políticas no Governo do Brasil. Foi este desafiante ônus que Província de Milão assumiu, com muitos sacrifícios, por amor ao Reino de Deus. A Província do Ceará e Piauí é frutos deste heróico empreendimento.
Apresentamos o trabalho dos Missionários lombardos em dois períodos, de acordo com a prioridade assumida por eles: período de exploração e fixação da Missão (1892 – 1922); e período de implantação da Ordem (1928 – 1966).

Por Frei Alexandre Veloso, OFMCa.
A Serviço da Pastoral Vocacional

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3 comentários:

  1. Ola,sou vocacionado a vida franciscana moro em saboeiro ceara tenho 14 anos...
    meu email; jeimeson.fernandes@gmail.com
    Meu faceboook; www.facebook.com/jeimeson.fernndes
    Meu whatsapp; 96477430..
    OBRIGADO
    PAZ E BEM

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  2. ola, sou vicente matos e sentir que o Senhor está me encaminhando para a missao de vocacionado franciscano,como faço pra fazer parte dos freis franciscano,sou do maranhao e tenho 28 anos.
    meu email:matosvicente11@gmail.com
    facebook: www.com]vicentematos
    meu whatssap: 98 988952305
    obg que o Senhor abençoe

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