quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Será que a ciência vai matar Deus?

“Será que a ciência vai matar Deus?” O Evangelho de Lucas narra que Jesus foi expulso e até mesmo levado à força para o alto de um monte, de onde pretendiam atirá-lo (cf. Lc 4, 29). Isso significa dizer que expulsar a Deus do convívio social e da vida humana é uma tentativa que já vem sendo feita há muito tempo. E, como conclui a mesma passagem evangélica citada, “Jesus passou no meio deles e continuou o seu caminho”. Deus continua presente entre nós!

Não podemos ter medo daqueles que pretendem excluir Jesus da sociedade, mas nos manter firmes na fé, porque Deus está ao nosso lado, e Nele podemos confiar!

“Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende coragem, eu venci o mundo” (Jo 16, 33).

Eu concordo e sei, por experiência de vida, que não é fácil ser testemunha profética no mundo de hoje, vivenciando a presença do amor divino entre nós.

Como acontece desde o início dos tempos, a mentalidade religiosa espera o espetacular, o extraordinário, o milagre. Era assim no tempo de Jesus. O Evangelho diz que: “... os seus conterrâneos se admiravam do que falavam dele” (Lc 4, 14). Como pode uma pessoa tão simples, carpinteiro de Nazaré, filho de José e Maria e tão parecido com tantos rostos comuns da nossa sociedade ser apresentado como Messias, predito pelo profeta Isaías?

Infelizmente é assim: as pessoas que buscam a religião estão à procura do espetáculo, daquilo que causa admiração e espanto. Trabalhei numa paróquia durante oito anos e durante este período quantas pessoas me procuraram para dizer que eu deveria fazer como fazem “aqueles” que prometem milagres, que dão uma bênção especial para tirar alguma doença. Porque assim a igreja ficaria superlotada. Eu concordo que a igreja poderia até ficar superlotada, mas eu pergunto: esse foi o profetismo de Jesus? Será que queriam expulsá-lo da comunidade só porque fazia milagres ou porque era um profeta fiel à vontade do Pai? Jesus era o profeta que vivia a “espiritualidade do cotidiano”, que consiste em testemunhar a presença de Deus no dia-a-dia das pessoas. Jesus não construía palcos, mas criava relacionamentos humanos, onde os membros de sua comunidade eram incapazes de ver nele a realização da profecia de Isaías.

Tenho consciência que a minha reflexão pode soar áspera para muitos, principalmente para aqueles que se acham no direito de defenderem Deus e a religião como forma de atrair multidões.

Comunicar é preciso! Porém, a força da pregação profética nos dias de hoje passa através do testemunho da caridade. Paulo dizia que a caridade é paciente e não se enraivece; por isso ninguém vai pregar uma cruzada contra os cientistas que querem expulsar Deus de nosso meio. Nosso modo de mostrar a presença de Deus é através da caridade, que se expressa de várias formas e em diferentes situações. O desafio é grande! Mas também na dureza das pedras é possível fazer nascer uma flor, se ali for plantada a semente do amor adubada com a caridade.

Não importa o quanto a ciência amplie os seus limites, sempre haverá o desconhecido além do horizonte. Além dessa fronteira, somente a Religião pode penetrar, por isso, não tenham medo! Deus está ao nosso lado e ninguém, nem os grandes cientistas podem matar Deus. Voltaire e Nietzsche também já o tentaram e hoje eles estão mortos e Deus continua vivo no meio de nós, pois, “Os que confiam no Senhor, são como os montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre”. Amém! Aleluia!
Frei Rodrigo

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